uma exposição bíblica sobre o quinto ponto do arminianismo a partir de uma perspectiva dos batistas brasileiros.

(Ícaro Alencar de Oliveira)

1. Introdução.

É fato que a maior parte dos Batistas brasileiros, quanto à soteriologia, se enquadra no que se pode considerar Arminianismo. A maneira como normalmente os Batistas afirmam sua soteriologia, tem recebido inúmeros nomes, desde “Arminianismo de Quatro Pontos” (que julgo ser o mais adequado), até mesmo “Calvinismo Moderado” por negar o ‘cair da graça’.

Quanto a tal nomenclatura, não considero de forma alguma que a soteriologia dos Batistas brasileiros possa ser corretamente chamada de Calvinismo de qualquer natureza; o assim chamado “Calvinismo Moderado” recebe tal nome apenas por causa do quinto ponto da TULIP: “A Perseverança dos Santos”, ao passo que afirma quatro pontos do Arminianismo clássico.

Os Batistas Calvinistas que temos em terras brasileiras tendem a apresentar um Calvinismo bastante consistente com o agostinianismo de seu proponente, o teólogo francês João Calvino (1509—1564), perpassando o calvinismo de Jonathan Edwards (1703—1758) e de George Whitefield (1714—1770), em especial quando comparamos tal “Calvinismo consistente” com o tipo de “Calvinismo Moderado” apresentado por Norman Geisler, na sua obra “Eleitos, mas Livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio”;[1] a considerar a obra, o abismo se mostra intransponível. Acredito que grande parte dos Batistas brasileiros que já teve a oportunidade de ler esta obra, identificou-se como “Calvinista moderado”, apesar de o autor defender claramente um Arminianismo de quatro pontos.

A priori, pode-se afirmar que os Batistas brasileiros, a julgar pelos seus documentos oficiais, em termos gerais subscrevem quase que a totalidade do sistema Arminiano na soteriologia com a exceção do quinto ponto, a “Segurança em Cristo”, em decorrência do mesmo afirmar a possibilidade de um salvo ‘cair da graça’ e ‘perder a sua salvação, o que não é aceito pelos Batistas brasileiros. Apesar disso, um Arminiano não tem de subscrever a totalidade da obra de Jacó Armínio (1560-1609) para que possa identificar-se como tal.

2. É Preciso concordar totalmente com Armínio para que se possa ser um Arminiano?

Roger Olson, em seu artigo “Must one agree with Arminius to be Arminian?” [“Deve alguém concordar com Armínio para ser um Arminiano?”], questiona: “[…] alguém deve concordar inteiramente com Armínio para que possa ser um Arminiano. Minha resposta é ‘Não’.”[2] Olson afirma que, assim como o Calvinismo não está totalmente amarrado nem está girando em torno exclusivamente de João Calvino e de sua obra, embora o sistema soteriológico leve o seu nome, não deve ser assim considerado; o mesmo vale para a Obra de Jacó Armínio.

Uma vez que concordamos com quase a totalidade do sistema soteriológico Arminiano, não há razões para negarmos que somos Arminianos devido à não crermos no ‘cair da graça’. Olson diz ainda que

De fato, eu diria que o Arminianismo já era crido e ensinado muito antes de Armínio. O Arminianismo é simplesmente uma versão Protestante Reformada da soteriologia dos antigos pais da igreja grega (Thomas Oden explica esse ponto em The Transforming Power of grace [O Poder Transformador da Graça]). Anos atrás, quando lemos os teólogos Anabatistas Balthasar Hubmaier e Menno Simons (que viviam antes de Armínio), achei os relatos de soteriologia basicamente os mesmos de Armínio – pelo menos em termos de ethos e impulsos gerais.[3]

Desta feita, não é porque divergimos dos demais Arminianos e, talvez, até do próprio teólogo holandês neste ponto, que deixaremos de concordar com outros aspectos substanciais de sua teologia, e comprometer, assim, nossa aderência a tal corrente teológica. As principais associações e convenções Batistas brasileiras oficialmente aderem ao Arminianismo. Isto é o que passamos a analisar agora.

3. O Arminianismo de quatro pontos como comum aos Batistas brasileiros

Neste artigo, tentaremos não adentrar pormenorizadamente a todos os cinco pontos do Arminianismo, visto não ser este nosso propósito; na medida do possível, circularemos ao redor especificamente do quinto ponto, uma vez que a “Segurança em Cristo” é o ponto mais discutido entre Arminianos e suscita as maiores discordâncias; ao mesmo tempo, a “Segurança em Cristo”, conforme compreendida pelos Batistas brasileiros, é uma união vital entre o crente e o seu Salvador eternamente.

Acreditamos estar bastante claro para todos, que os Batistas brasileiros são Arminianos de quatro pontos em sua soteriologia; isto se dá porque nós subscrevemos quatro dos cinco pontos do Arminianismo, a saber: 1) a Radical Depravação, 2) a Eleição Condicional ou segundo a Presciência, 3) a Graça Resistível, e 4) a Expiação Ilimitada.

Quanto ao último ponto, como afirmamos anteriormente, que é 5) a Segurança em Cristo (ou a ‘Segurança Condicional’), sempre há um adendo especial para o que compreendemos como consistindo essa nossa “segurança em Cristo”, não considerando correta uma designação tal qual ‘segurança condicional’, a qual implica a possibilidade de ‘cair da graça’; ao mesmo tempo, não consideramos que faça jus ao que cremos, a designação calvinista de ‘perseverança incondicional’ em virtude do determinismo implícito no uso deste termo.

Grande parte dos Batistas brasileiros, para não ferirem suas consciências, embora afirme quatro dos cinco pontos do Arminianismo, e rejeite quatro dos cinco pontos do Calvinismo, prefere não aderir oficialmente a nenhuma das duas escolas; é comum ouvirmos em nossos círculos – e aqui eu mesmo confesso ter sido um deles por tempo considerável de minha experiência religiosa – a seguinte frase célebre: “eu não sou Arminiano, e nem Calvinista, mas Batista”. A considerar que o Arminianismo não remove nenhum aspecto da doutrina Batista, não julgamos ser errado aderir ao Arminianismo.

Por questão de proximidade, insto aos meus amados irmãos que não há razão para termos animosidade em nos considerarmos Arminianos, visto que concordamos com o sistema quase que em sua inteireza, com a exceção do ‘cair da graça’.

Isto é o que passo afirmar: não há razões para deixarmos de nos identificar como Batistas e Arminianos de quatro pontos; por outro lado, não temos de abraçar o quinto ponto da maneira como comumente os Arminianos clássicos o abraçam; não é pelo fato de crermos na impossibilidade de um salvo ‘cair da graça’ que isso nos torna compulsoriamente em Calvinistas, embora também muitos Batistas brasileiros acreditem serem Calvinistas por tal razão; de fato, não concordamos com a possibilidade de um salvo declinar na fé, e isso é o que nós, Batistas brasileiros geralmente afirmamos.

Á luz das informações supracitadas, eu quero fazer uma análise do quinto ponto, a fim de buscar um aclaramento da questão de maneira que se compreenda melhor a relação da Perseverança do salvo, dentro a soberania Divina, sem remover a plena liberdade humana em seu livre-arbítrio, ao mesmo tempo em que deve-se considerar seriamente as muitas advertências das Escrituras quanto à possibilidade de alguém vir a perder a fé.

A evidência de que os Batistas brasileiros consideram a salvação eterna e incapaz de ser perdia pode ser encontrada no documento oficial da CBB – Convenção Batista Brasileira, na sua Declaração Doutrinária de 1986, mais precisamente no artigo VI, que fala sobre a Eleição; lemos que

[A] Eleição é a escolha feita por Deus, em Cristo, desde a eternidade, de pessoas para a vida eterna, não por qualquer mérito, mas segundo a riqueza da sua graça.1 Antes da criação do mundo, Deus, no exercício da sua soberania divina e à luz de sua presciência de todas as coisas, elegeu, chamou, predestinou, justificou e glorificou aqueles que, no correr dos tempos, aceitariam livremente o dom da salvação.2 Ainda que baseada na soberania de Deus, essa eleição está em perfeita consonância com o livre-arbítrio de cada um e de todos os homens.3 A salvação do crente é eterna. Os salvos perseveram em Cristo e estão guardados pelo poder de Deus.4 Nenhuma força ou circunstância tem poder para separar o crente do amor de Deus em Cristo Jesus.5 O novo nascimento, o perdão, a justificação, a adoção como filhos de Deus, a eleição e o dom do Espírito Santo asseguram aos salvos a permanência na graça da salvação.6 ([1] Gn 12.1-3; Ex 19.5,6; Ez 36.22,23,32; 1Pe 1.2; Rm 9.22-24; 1Ts 1.4 [2] Rm 8.28-30; Ef 1.3-14; 2Ts 2.13,14 [3] Dt 30.15-20; Jo 15.16; Rm 8.35-39; 1Pe 5.10 [4] Jo 3.16,36; Jo 10.28,29; 1Jo 2.19 [5] Mt 24.13; Rm 8.35-39 [6] Jo 10.28; Rm 8.35-39; Jd 24).[4]

Atentando para a DD da CBB podemos ver claramente que a doutrina da Eleição para a salvação, afirmada oficialmente, é inteiramente Arminiana; o primeiro ponto do Arminianismo, o da Eleição Condicional, é segundo a presciência de Deus (IPed. 1:2). Também salta aos olhos a afirmação do livre-arbítrio, totalmente negado veemente pelos calvinistas, incluindo os Batistas que aderem a tal escola soteriológica; sobre a nossa liberdade, a DD da CBB afirma que “Ainda que baseada na soberania de Deus, essa eleição está em perfeita consonância com o livre-arbítrio de cada um e de todos os homens”.

Ao mesmo tempo em que se afirma concomitantemente a eleição e o livre-arbítrio, afirma-se a perseverança do salvo na salvação, até o fim, diferindo do Arminianismo clássico, o qual afirma a possibilidade da ‘perda da salvação’ e o Calvinismo, que nega o livre-arbítrio. Para os Batistas brasileiros, “a salvação do crente é eterna; os salvos perseveram em Cristo e estão guardados pelo poder de Deus”; os motivos para não crermos na possibilidade do ‘cair da graça’ também são mencionados, a saber, a entrada à graça salvadora. Isto afirmamos também.

Concluímos quanto à DD da CBB que, quando ela afirma que “O novo nascimento, o perdão, a justificação, a adoção como filhos de Deus, a eleição e o dom do Espírito Santo asseguram aos salvos a permanência na graça da salvação”, cremos, corroborando ao documento, que o crente em Cristo Jesus, o verdadeiramente Eleito, o qual Deus de antemão conheceu, invariável e certamente perseverará, mas por razões diferentes do determinismo Calvinista.

Tal perseverança na fé é certa e se dá pelo fato de que, apesar de estar “em perfeita consonância com o livre-arbítrio”, como crentes na presciência Divina, deve-se igualmente considerar que “Antes da criação do mundo, Deus, no exercício da sua soberania divina e à luz de sua presciência de todas as coisas, elegeu, chamou, predestinou, justificou e glorificou aqueles que, no correr dos tempos, aceitariam livremente o dom da salvação”. Uma vez que um homem livremente adentra à graça da salvação, jamais é removido de tal posição de salvo; esta é a posição oficial da CBB, a qual corroboramos.

Prosseguindo em nossa investigação, quando voltamos a nossa atenção para a Convenção Batista Nacional, segundo seu documento Declaração de Fé das Igrejas Batistas Nacionais, no artigo X, que fala sobre o Propósito da Graça de Deus, lemos o que se segue:

Cremos que a Eleição é o eterno propósito de Deus, segundo o qual Ele gratuitamente regenera, santifica e salva pecadores; que esse propósito, sendo perfeitamente consentâneo com o livre arbítrio do homem, compreende todos os meios que concorrem para esse fim. […](2Tm 1.8,9; Ef 1.3-14; 1Pe 1.1,2; Rm 11.5,6; Jo 15.16; 1Jo 4.19; 2Ts 2.13,14; At 13.48; Jo 10.16; Mt 20.16; At 15.14; Êx 33.18,19; Mt 20.13; Ef 1.11; Rm 9.23, 24; Jr 31.3; Rm 11.28,29; Tg 1.17,18; 2Tm. 1.9; Rm 11.32-36; 1Co 4.7; 1.26,31; Rm 3.27; 4.16; Cl 3.12; 1Co 3.3,7; 15.10; 1Pe 5.10; At 1.24; 2Ts 2.13; 1Pe 2.9; Lc 18.7; Jo 15.16; Ef 1.16; 1Ts 2.12; 2Tm 2.10; 1Co 9.22; Rm 8.28, 30; Jo 6.37-40; 2Pe 1.10; 2Ts 1.4-10; Tg 2.18; Jo 14.23; Rm 8.28-30; Is 42.16; Rm 11.29; Fl 3.12; Hb 6.11).[5]

Novamente temos uma preocupação em não negarmos nenhuma verdade das Escrituras em detrimento da outra; a verdade da soberania de Deus sempre ‘está em consonância’, usando a linguagem da CBB, ou é ‘consentâneo’, para usar a linguagem da CBN, com o livre-arbítrio do homem.

Mais a frente, no artigo XII do mesmo documento, agora no item que fala sobre a Perseverança dos Santos, lê-se o que se segue:

Cremos que só são crentes verdadeiros aqueles que perseveram até o fim; que a sua ligação perseverante com Cristo é o grande sinal que os distingue dos que professam superficialmente; que uma Providência especial vela pelo seu bem-estar e que são guardados pelo poder de Deus mediante a fé para a salvação (Jo 8.31; 1Jo 2.27, 28; 3.9; 5.18; Mt 13.20, 21; Jo 6.66-69; Rm 8.28; Mt 6.30-33; Jr 32.40; SI 19.11,12; 121.3; Fl 1.6; 2.12,13; Jd 24; Hb 1.14; 13.5; 1Pe 1.5; Ef 4.30).[6]

Novamente, na CF da CBN, encontramos a associação entre a eleição com a Perseverança dos Santos e sua “Segurança em Cristo”, quando afirma que “a Eleição é o eterno propósito de Deus, segundo o qual Ele gratuitamente regenera, santifica e salva pecadores”; vemos também que a entrada à graça salvadora é peculiar aos que Deus de antemão conheceu, os quais produzirão frutos distintivos, pelo que “só são crentes verdadeiros aqueles que perseveram até o fim; que a sua ligação perseverante com Cristo é o grande sinal que os distingue dos que professam superficialmente”. E isto é o que sempre confiamos ser a verdade das Escrituras. Nisto cremos!

Mesmo nos círculos Batistas Fundamentalistas brasileiros, encontramos uma visão Arminiana de quatro pontos; com exceção da possibilidade de ‘cair da graça’, vários Batistas fundamentalistas aderem ao Arminianismo.

A evidência de que mesmo em grupos Batistas Fundamentalistas, existe uma visão Arminiana de quatro pontos, que também é possível ser encontrada nos Distintivos dos Batistas Regulares; os distintivos possuem inclinações e elementos do que Norman Geisler chamaria de “Calvinismo Moderado”, ou o que considero mais acertadamente, “Arminianismo de quatro pontos”; no 3º Distintivo – Cristologia: A pessoa e obra de Jesus Cristo, em concordância com a Expiação Ilimitada do Arminianismo, lemos que “Jesus Cristo […] veio ao mundo para morrer na cruz pelos pecados do mundo (João 3.14-16; 1 Coríntios 14:3-4)” – grifo nosso;[7] a expiação ilimitada é afirmada pelo Arminianismo, ao passo que os calvinistas negam-na, afirmando que a expiação de Cristo foi apenas pelo eleitos.

No mesmo documento, mais precisamente no 7º Distintivo – Soteriologia: A salvação pela graça de Deus, encontramos uma soteriologia robusta, afirmando os pontos afirmados tanto por Calvinistas, quanto por Arminianos, e claro, com a exceção da possibilidade de se ‘perder a salvação’ própria do Arminianismo clássico; assim lemos no documento:

A salvação procede completamente de Deus e não do homem (Efésios 2.8—9). O homem natural está morto espiritualmente (Efésios 2.1—3) e não tem qualquer poder para buscar a Deus ou salvar a si mesmo (Romanos 3.9—18). Nada no homem é bom (Isaías 64.6; Jeremias 17.9): ele é inimigo de Deus e está debaixo da ira de dele (Romanos 1.18; 3.9—18, 23; 5.6—11; Efésios 2.3). A salvação é concedida gratuitamente ao pecador pela morte e ressurreição de Jesus Cristo (Romanos 3.21—26; 6.23; 1 Coríntios 15.1—4; 1 Pedro 2.24; 3.18) e é recebida somente quando o pecador se arrepende e crê, depositando a sua confiança somente em Cristo como seu salvador (João 3.14—18, 36; 5.24; Atos 3.19; Romanos 4.1—8). Obtê-la ou mantê-la não depende de méritos humanos (Tito 3.4—7; 1 João 5.9—13). É Deus quem toma a iniciativa de salvar o pecador, assim como de aperfeiçoá-lo até o Dia de Cristo (João 1.12—13; 3.5—7; 6.37; 15.16; Filipenses 1.6). Por isso, uma pessoa salva não pode perder a salvação (João 10.27—30; Efésios 1.13—14; 1 Pedro 1.5).[8]

Por toda a primeira parte do Sétimo Distintivo dos Batistas Regulares, encontramos as afirmações claras que não podem ser negadas pelos cristãos Ortodoxos quanto ao “caminho da salvação”, diferente da “mecânica da salvação”, que por sua vez, permite diferentes entendimentos.

Tomando emprestado a linguagem de Martin Lloyd-Jones (1899-1981), em sua obra Arminianismo a Mecânica da Salvação, Silas Daniel assim resumiu o que se quer dizer por “caminho” versus “mecânica” da salvação, ao citar o calvinista: “[…] Lloyd-Jones afirmava, com acerto, que toda a diferença entre calvinistas e arminianos dizia respeito apenas ao “mecanismo da salvação”, e não ao “caminho da salvação”.”[9] O Sétimo Distintivo, em sua primeira parte, expôs o “caminho da salvação”, afirmado tanto por calvinistas quanto por arminianos; em sua segunda parte, porém, vemos uma inclinação à mecânica da salvação característica do Arminianismo.

No distintivo, o arrependimento precede a fé, como lemos: “A salvação […] é recebida somente quando o pecador se arrepende e crê”, grifo nosso; em seguida, prossegue o ponto comum dos Batistas brasileiros, afirmando o aperfeiçoamento do salvo até o fim: “É Deus quem toma a iniciativa de salvar o pecador, assim como de aperfeiçoá-lo até o Dia de Cristo”; e finaliza, afirmando categoricamente: “Por isso, uma pessoa salva não pode perder a salvação”.

Julgo importante acrescentar que, em nossa experiência como advindos do meio Batista Regular, e mantendo convivência com muitos deles até hoje, podemos afirmar que a realidade de cada igreja local deixa ainda mais clara a forte inclinação ao Arminianismo de quatro pontos naquele meio; cremos ser esta a maneira que naturalmente nos distinguimos soteriologicamente, como Batistas brasileiros.

Por fim, podemos concluir quanto a este ponto que a impossibilidade de um crente ‘cair da graça’ é um dogma próprio dos Batistas brasileiros, e embora haja entre os Batistas convictos alguns que afirmam a possibilidade do cair da graça, estes são minoritários em nosso meio, e claramente destoam da fé geralmente afirmada por nós.

4. Uma Proposta de compreensão do Artigo V da Remonstrância dentro de uma ótica dos Batistas brasileiros.

Tendo sido isto posto, o âmago de meu inquérito com respeito à perseverança passará a ser considerado mais pormenorizadamente. Lemos no Artigo V da Remonstrância que,

Aqueles que são incorporados em Cristo por uma fé verdadeira, e consequentemente são feitos participantes do seu Espírito vivificante, são abundantemente dotados de poder, para que possam lutar contra Satanás, contra o pecado, contra o mundo e contra a sua própria carne, e ganhar a vitória. Contudo, sempre (queremos que seja bem entendido) com o auxílio da graça do Espírito Santo, Jesus Cristo os ajuda, pelo seu Espírito, em todas as suas tentações, estende-lhes as suas mãos, apoia-os e fortalece (caso estejam prontos para lutar, queiram o seu socorro e não desistam de si mesmos), de modo que, por nenhum engano ou poder sedutor de Satanás, possam ser arrebatados das mãos de Cristo, conforme o que Cristo disse em João 10.28 “ninguém as arrebatará da minha mão”. Mas, se eles não são capazes de, por descuido, τὴν ἀρχὴν τῆς ὑποστάσεως χριστοῦ καταλείπειν (esquecer o início de sua vida em Cristo), de novamente abraçar o presente mundo, de se afastar da santa doutrina que uma vez lhes foi entregue, de perder a sua boa consciência e de negligenciar a graça; isto deve ser assunto de uma pesquisa mais acurada na Sagrada Escritura, antes que possamos ensinar com πληροφορία (inteira persuasão) de nossas mentes […].[10]

O primeiro apontamento que gostaríamos de fazer diz respeito ao modo como os Remonstrantes consideraram a eleição como estando inteiramente relacionada à perseverança, assim como os Batistas brasileiros afirmam em seus documentos.

Neste sentido, o que Deus previu, é de fato condicional, “segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef. 1:5); ao passo que aquilo que fora previsto, para ter sido verdadeiro e corretamente previsto, deve acontecer invariavelmente; portanto, a sua execução – o decreto eletivo – nos eleitos é imutável, não no sentido determinista, mas no sentido de que, o pré-conhecimento que Deus possui dos eventos atuais, jamais falhará, vindo a ocorrer um evento potencial no lugar de um atual que foi pré-conhecido por Deus, uma vez que a execução tanto da eleição quanto da reprovação se dá quando da emissão do decreto Divino. Armínio afirma algo que me chamou muito a atenção:

[…] uma coisa é declarar que “é possível, para os fieis, cair da fé e da salvação,” e outra coisa é dizer que “eles realmente caem”. Essa distinção é de tão extensa observância que até a própria antiguidade não teve medo de afirmar, sobre os eleitos e os que estavam sendo salvos, “que era possível que eles não fossem salvos”; e que “a mutabilidade pela qual era possível não estarem dispostos a obedecer a Deus não foi tirada do meio deles”, embora tenha sido a opinião dos antigos “que, na realidade, essas pessoas nunca serão condenadas”. […] Se alguém afirma que levando em consideração o fato de terem sido eleitos não é possível que os crentes, finalmente, venham a cair e se manter longe da salvação, porque Deus decretou salvá-los – eu respondo que o decreto sobre ser guardado não tira a possibilidade da condenação, mas remove a condenação em si. Pois “ser realmente salvo” e “a impossibilidade de não ser salvo” são duas coisas que não são contrárias uma à outra, mas estão em perfeito acordo.[11]

Aqui, Armínio parece afirmar que aqueles que Deus pré-conheceu que perseverariam até ao fim tinham potência para afastamento, o que não seria uma ideia tão absurda quanto parece à primeira vista: “Pois, “ser realmente salvo” são duas coisas que não são contrárias uma à outra, mas estão em perfeito acordo”; por outro lado, imediatamente após afirmar a potencialidade de um eleito ‘perder a salvação’, Armínio afirma o mesmo que queremos afirmar sobre “declinar da fé” e “declinar da salvação” como consistindo em coisas distintas, sendo que, de acordo com o nosso entendimento, a primeira é possível e a segunda não. Julgo ser mais acertado afirmar o mesmo que Armínio: “[…] uma coisa é declarar que “é possível, para os fieis, cair da fé e da salvação,” [como evento potencial] e outra coisa é dizer que “eles realmente caem” [como evento atual]. Como havíamos supramencionado: “o pré-conhecimento que Deus possui dos eventos atuais, jamais falhará, vindo a ocorrer um evento potencial no lugar de um  atual que foi pré-conhecido por Deus, uma vez que a execução tanto da eleição quanto da reprovação se dá quando da emissão do decreto Divino.” É por tal razão que, embora haja potencialidade para a queda, Deus jamais deixa seus eleitos caírem.

5. O Novo nascimento e a Regeneração como  Peculiares aos Eleitos.

É fundamental pensarmos sobre a questão. Considerando que Armínio fazia uma distinção entre Eleito e Crente, precisamos considerar até que ponto é correta a designação ‘cair da graça’ ou ‘perder a salvação’, enquanto estamos tentando equilibrar a presciência de Deus, ao passo em que consideramos como verdadeiros e severos os alertas encontrados em alguns versículos bíblicos, acerca de um potencial e possível afastamento da fé.

Assim compreendemos esta questão: sabendo de antemão o que de fato ocorreria aos homens quando estes recebessem a iluminação de sua graça preveniente, Deus determinou eleger (termo usado pelos Remonstrantes) para a salvação aqueles que perseverariam nesta fé “sempre […] com o auxílio da graça do Espírito Santo”, até ao fim. Isto é o que  cremos estar de acordo com o que as Escrituras afirmar sobre a característica distintiva de um eleito; as Escrituras afirmam: “como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo” (Ef. 1:4); “e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef. 2:6). Lemos no Artigo I da Remonstrância:

Art. 1. Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído no pecado – em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo – aqueles que, pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu Filho e que, pela mesma graça, perseverarem na mesma fé e obediência de fé até o fim; e, por outro lado, deixar sob o pecado e a ira os costumazes e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo.[12]

O fato dos próprios Remonstrantes iniciarem afirmando que “Deus […] determinou salvar, de entre a raça humana […] aqueles que, pela graça [salvadora] do Santo Espírito, crerem neste seu Filho, e que, pela mesma graça [salvadora], perseverem na mesma fé e obediência de fé até o fim”, nos mostra que a graça salvadora, quando da execução do decreto eletivo, é concedida e é própria aos que foram Eleitos segundo a presciência, ao passo que, aqueles que perseverarão até ao fim resistindo à mesma graça salvadora, nosso Deus achou por bem “deixar sob o pecado e a ira os costumazes, e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo”; grifo nosso.

Do Artigo I da Remonstrância podemos depreender que Deus “deixa sob o pecado e a ira costumazes” aos “descrentes”; podemos afirmar que tais “descrentes” são aqueles que sempre resistem à graça salvadora, e é pelo motivo de resistem-na até ao fim, que caem em ruína, não poucas vezes exposta diante de todos, de “[…] modo que sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama” (IIPed. 2:22).

Portanto, o homem apenas é capaz de declinar da expressão relativa que consiste na sua própria fé que, embora gerada pelo meio absoluto da graça preveniente, não retira do homem a exigência de  adentrar à graça salvadora; aqueles que um dia  adentram-na, invariavelmente perseverarão até o fim na fé, pois a graça salvadora é também santificadora até o fim, conforme pré-conhecido por Deus: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Heb. 12:14); diferente da fé que consiste em nossa reação à graça preveniente que prepara, chama, convoca e, principalmente, pode produzir fé verdadeira em todos os que creem, sejam eleitos, ou não-eleitos, sendo a distinção entre um e outro a perseverança nesta fé, não é de estranhar os muitos alertas bíblicos.

Podemos perceber que, no final das contas, todo aquele que não perseverou na fé até ao fim, não é um Eleito, e por sua própria deserção da fé, foi preterido por Deus, que o teve por “descrente”, visto que o tal não perseverou na fé até ao fim, que é a marca distintiva dos Eleitos de Deus.

Diante de tais fatos, considerando os artigos da Remonstrância, devemos nos perguntar se aquele que um dia foi regenerado, que abraçou a graça salvadora, é capaz de voltar a uma prática constante de pecado, vindo, com isso, a declinar e ‘cair da graça’, ou ‘perder a salvação’, por assim dizer.

Em outras palavras: o novo nascimento é próprio do eleito ou Deus também o concede, quando na execução da salvação, àqueles que Deus de antemão sabe que declinariam da fé? Poderíamos ainda inquirir de uma terceira forma: aqueles que a principio recebem, mas não perseveram na fé foram de fato, “incorporados em Cristo por uma fé verdadeira, e consequentemente […] feitos participantes do seu Espírito vivificante”?

Os principais expoentes dos ensinos de Armínio afirmam a possibilidade; aqueles que a princípio creem e depois declinam da fé, foram de fato “incorporados em Cristo, por uma fé verdadeira”. Negamos completamente tal possibilidade; julgamos que os tais jamais foram conhecidos pelo bom Mestre: “Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mat. 7:23).

As principais citações que os arminianos de cinco pontos fazem em defesa de um salvo ‘cair da graça’ como consistindo numa doutrina de Armínio, são encontradas em As Obras de Armínio; no Vol. I, quando o reformador fala de seus sentimentos quanto á Perseverança dos Santos; ele afirmou:

O meu sentimento a respeito da perseverança dos santos é que as pessoas que foram enxertadas em Cristo, pela fé verdadeira, e assim têm se tornado participantes de seu precioso Espírito vivificador, dispõem de poderes suficientes [ou] forças para lutar contra Satanás, contra o pecado, contra o mundo e a sua própria carne, e para obter vitória sobre esses inimigos, mas não sem a ajuda da graça do mesmo Espírito Santo. Jesus Cristo, também pelo seu Espírito Santo, as auxilia em todas as tentações que enfrentam, e lhes proporciona o pronto socorro de sua mão; também entendo que Cristo as guarda não as deixando cair, desde que tenham se preparado para a batalha, implorando a sua ajuda, e não querendo vencer por suas próprias forças. De modo que não é possível para eles, por qualquer astúcia ou poder de Satanás, serem seduzidos ou arrancados das mãos de Cristo. Mas acho útil […] instituir uma investigação diligente das Escrituras a fim de que não seja possível que alguns indivíduos, por negligência, abandonem o início da sua existência em Cristo, e unam-se novamente ao presente século mau, declinando da sã doutrina que uma vez lhes foi entregue, e que percam a boa consciência, fazendo com que a graça divina seja ineficaz em suas vidas.

Embora eu aqui, de forma aberta e ingênua afirme que nunca ensinei que um verdadeiro crente pode tanto cair totalmente distanciando-se da fé, e perecer, não vou esconder que há passagens das Escrituras que pareçam usar este aspecto; e, segundo o meu entendimento, há respostas para elas que me fora permitido ver, que não são tão boas a ponto de aprová-las em todos os pontos. Por outro lado, certas passagens são produzidas para a doutrina contrária [a da perseverança incondicional] que são dignas de muita consideração.[13]

Devido a tal afirmação feita por vários Arminianos, muitos dos Batistas encontram uma enorme dificuldade em assumir seu Arminianismo, embora concorde com os outros pontos quase na sua inteireza, ao passo que não abraçam as visões Calvinistas de forma alguma.

Tal reação dos Batistas brasileiros se dá, talvez, para evitar lidar com a questão da ‘perda da salvação’, o que é inegociável. Creio não ser necessário abrir mão da consciência e afirmar uma perseverança antevista e os demais pontos do Arminianismo. Por vezes, tais textos bíblicos são utilizados pelos demais Arminianos para afirmar a possibilidade de se ‘perder a salvação’; mas, notemos bem que os mesmos nos alertam para não ‘abandonarmos a nossa confiança’, a qual é resultado da graça. Mas tal fé é resultado de qual graça, a preveniente ou da graça salvadora?

Estas graças são dadas por Deus exclusivamente para aqueles que Deus conhece que perseverariam até ao fim, ou também as concederia para aqueles que, por sua presciência, Deus conhece que não perseverariam nela – na salvação –, e assim viriam a ‘perder a salvação’? Consideremos bem o ponto.

Defendemos que, sendo Deus conhecedor dos eventos contrafatuais, ele decide soberanamente ofertar sua graça salvadora que pode causar o novo nascimento àqueles que, dentro da Plataforma dos Eventos Possíveis[14]; estes Deus de antemão conheceu que não perseverariam até ao fim, pelo que Deus não os concede esse o novo nascimento. 

Por outro lado, uma vez que a fé é a reação humana a graça, e esta, por conseguinte é resultado da operação de Deus, precisamos olhar a relação Fé e Graça e introduzi-la na relação Deus e Homem, e não somente isto, mas considerar desta feita as reações Deus e Homem.

A fé é humana enquanto tal: Deus não pode crer em nosso lugar; sendo ela advinda da natureza mutável humana (embora motivada pela graça), pode ser mudada; é devido à fé humana que os textos de apostasia e afastamento precisam ser considerados seriamente.

O homem pode perder a fé, pois ela é sua própria, embora motivada pela graça; uma vez que a graça preveniente é resistível, o homem pode possuir uma reação a priori e depois mudar as disposições e inclinações de Seu coração, vindo a perder a sua fé em Cristo. Atente bem: fé como reação à graça.

Enquanto o tal manteve sua fé em Cristo, era uma fé sincera, similar à dos eleitos, mas da parte de Deus – a entrada à graça da salvação – jamais nascera de novo; o tal se achou num estado de grande  iluminação – graça preveniente –, mas não adentrara a arca da salvação.

Ao mesmo tempo, a graça preveniente estando dispoível a todos, e sendo Deus imutável, não é possível dizer que um homem perca sua salvação, pois “Do Senhor vem a salvação” (Jn. 2:9); ora, vindo do Senhor a salvação, ela não é do homem, mas de Deus. Sendo ela – a salvação – de Deus, um homem pode receber uma determinada iluminação excedente e resistível da graça, sendo possível até mesmo vislumbrá-la, mas o tal não é um nascido de novo, visto que não persevera na fé: “Qualquer que é nascido de Deus não permanece em pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus” (IJo. 3:9).

A Graça preveninente está disponível a todos os homens, e por ser assim, pode produzir no homem duas reações: a fé verdadeira e a fé falsa. Quanto à fé falsa, é uma reação humana errada à graça, e por sua natureza, será a semente da Palavra comida à beira do caminho; é a fé que logo se escandaliza, e que é sufocada.

Quanto à fé verdadeira, ela não é particular aos eleitos. Usando a linguagem de Armínio, tanto o Crente – aquele que está crendo –, quando o Eleito – aquele que está crendo e perseverará crendo até ao fim – podem vir a obter, devido à operação da graça preveniente, a reagirem igualmente com uma fé sincera, e apenas poderiam assim reagir em razão do auxílio Divino; é por tal razão que a fé sincera, tanto do Eleito, quando do Crente, é produto da graça preveninente, a qual está disponível para todos.

O Crente pode vir a perder tal fé que agora professa em seu coração, uma vez que, tendo a mera iluminação, mas confundindo-a como a graça salvadora, vem depois a naufragar e assim, não persevera na arca da salvação, fazendo o oposto daquilo que Paulo quer um eleito faça: “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé” (ITim. 1:19).

Aquele crente que declina, não declina da salvação, mas declina da fé, pois da salvação participa aquele que nasce de novo, e o novo nascimento é peculiar ao eleito, uma vez que o decreto de Eleição assim previra. Deus promulgou tal decisão soberana, ao conhecer de antemão os que livremente voltar-se-iam a Ele e nele perseverariam até o fim; a estes, Deus designou conceder o nascer de novo, enquanto que aqueles, embora trazidos pela graça preveniente para vislumbrarem a arca, caminham até certo ponto, mas nunca adentram-na, não apropriando-se daquilo que Deus obteve para eles, antes, rejeitando sua oferta genuína de amor salvífico; os tais, não ressuscitam com Cristo e produzem uma fé vã (ICor. 15:14,17); se assim o fizessem, nasceriam de novo e seriam salvos. É por tal razão que Armínio pôde escrever sobre os dois aspectos da expiação:

Afirmo que é preciso fazer uma distinção entre a redenção obtida e a redenção aplicada, e declaro que ela foi obtida para o mundo inteiro, e para todos e cada um dos homens; mas ela foi aplicada apenas aos fieis e aos eleitos.[15]

Enquanto participantes dos méritos da redenção obtida, Deus manifesta seu convite salvífico a todos os homens, e alguns, desta fé se apropriam por um tempo, vindo depois a abandoná-la para sua própria ruína. Aquele crente que declina na fé e naufraga, naufraga após ter Deus instado com ele, e o tal, por sua vez, instado em seus pecados, resistindo à graça salvadora até o fim, embora tenha sido iluminado por um tempo pela graça preveniente com luz excedente.

Aquele que perde a fé, perde-a após se lhe ter sido revelada toda a realidade salvífica que está do lado de dentro; todos podem encontrar na arca da salvação tais realidades, como um arquiteto apresenta ao seu cliente as glórias de um arquétipo e após concluída a obra, mostra-lhe as glórias reais que o mesmo encontrara no arquétipo, agora em escala real; para que o Deus Espírito Santo leve um homem até aos seus aposentos, é lhe exigido fé verdadeira e perseverante. Aquele que apenas se contenta com a maquete da arca, apresentada pelo Espírito Santo por meio da graça preveniente, sequer nela entra, embora a admire e nela deseje estar por um tempo, mas depois, afasta-se da arca, e não mais aproxima-se dela, para sua ruína eterna.

Aquele que está participando da esperança da graça salvadora – vislumbrando o arquétipo – é diferente daquele que até o fim faz da arca a sua morada e estes Eleitos, mesmo podendo vir a, nalguns momentos, viver semelhante a quando ainda não haviam dado entrada à graça salvadora, no entanto, logo se voltam pela graça santificadora à maneira de viver digna de um nauta.

Voltando às palavras de Armínio, quero enfatizar, da citação acima, o que ele afirmou sobre o declínio do cristão:

Mas acho útil […] instituir uma investigação diligente das Escrituras a fim de que não seja possível que alguns indivíduos, por negligência, abandonem o início da sua existência em Cristo, e unam-se novamente ao presente século mau, declinando da sã doutrina que uma vez lhes foi entregue, e que percam a boa consciência, fazendo com que a graça divina seja ineficaz em suas vidas.[16]

Atentando para a última parte da afirmação de Armínio, é impossível deixar de saltar aos olhos que Armínio lida com a severidade da possibilidade real de um afastamento da fé; Armínio preocupava-se que a presciência de Deus não fosse motivo de antinomia e frouxidão moral: a fim de que não seja possível que alguns indivíduos, por negligência,  abandonem o início da sua existência em Cristo, e unam-se novamente ao presente século mau, declinando da sã doutrina que uma vez lhes foi entregue”; esta preocupação de Armínio está de acordo com as Escrituras.

As Escrituras nos afirmam: “Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos” (Rom. 11:7); lemos ainda sobre a perseverança na fé: “A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos e irrepreensíveis, e inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido” (Col. 1:21-23).

A Bíblia adverte-nos, dizendo: “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Heb. 12:15). Está claro, segundo as Escrituras: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia” (ICor. 10:12); alguns ramos que não produzem frutos na videira, são cortados, como disse Jesus: “Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira” (Jo. 15:2).

As Escrituras nos ordenam também que “deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé” (Heb. 12:1,2).

As Escrituras também nos afirmam: “Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos” (Rom. 11:7); lemos ainda sobre a perseverança na fé: “A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos e irrepreensíveis, e inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido” (Col. 1:21-23). Armínio adverte-nos para não declinar-se da sã doutrina: um não-eleito pode ter fé sincera nela, até que declina da fé; entretanto, as Escrituras nada dizem concernente à possibilidade de se declinar da salvação.

Precisamos ter cuidado, como nos advertem as Escrituras, para não perdermos a nossa fé, algo possível aos não-eleitos. Foi por isso que o apóstolo Paulo advertiu aos irmãos em Corinto: “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão” (ICor. 15:1,2); a menos que alguém um dia realmente tenha possuído “fé”, tal advertência não possui efeito real.

As advertências e condicionais das Escrituras sempre estão voltadas à nossa perseverança na fé até ao fim, e é por tal razão que um crente perde a sua fé, enquanto que aquele que é eleito persevera na sua fé em Cristo Jesus, pois é perseverado: “e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo. 10:28).

6. A Graça Preveniente produz Fé em eleitos e não-eleitos; mas apenas os Eleitos adentram à Graça Salvadora.

Em nossa compreensão da relação direta entre a Eleição e a Perseverança, considerando que a eleição é condicional no Arminianismo, a perseverança na fé também o é. Por qual razão? A fé, enquanto considerada como “[…] primariamente, “persuasão firme”, convicção fundamentada no ouvir (cognato de peithõ, ‘persuadir’), sempre é usado no Novo Testamento acerca da “fé em Deus ou em Jesus, ou às coisas espirituais”,[17] precisa ser compreendida como um produto da graça preveniente com potencialidade, mas não necessariamente significando a entrada do indivíduo à graça salvadora; caso ocorresse isso, então deveríamos afirmar que alguém pode ‘cair da graça’ [salvadora], isto é, ‘perder sua salvação’.

O que estamos afirmando é a possibilidade da graça preveniente produzir nos homens a mesma “persuasão firme”, a fé, mas fé que não conduz por obrigação à entrada à graça salvadora, a qual é peculiar aos eleitos segundo a presciência. Em Eleitos, mas livres, Norman Geisler demonstra que a fé não é peculiar ao eleito, ao mesmo tempo em que nega que alguém adentre à graça salvadora e dela seja removido. Segundo Geisler, acerca da fé ser dom exclusivo dos eleitos,

A convicção de que a fé é um dom especial de Deus [exclusivo para o eleito] combina com o entendimento do calvinista extremado da depravação total e com a necessidade de a regeneração ser anterior à fé.[18]

Quanto à possibilidade de alguém perder a salvação, Geisler afirma que

O argumento arminiano seguinte é sobre a natureza da fé. Os arminianos [de cinco pontos] afirmam que, se podemos exercer fé para “estar em” Cristo, podemos usar a mesma fé para “sair de Cristo”. […] Não ser capaz de fazer isso, insistem, significaria que, uma vez que obtemos a salvação, não mais seremos livres. A liberdade é simétrica; se você tem a liberdade de ser salvo, também tem a liberdade de ser perdido para sempre.

[…] por essa mesma lógica, o arminiano [de cinco pontos] teria de argumentar que podemos ficar perdidos mesmo após termos chegado ao céu. De outra forma, ele teria de ngar que somos livres no céu. Porém se somos livres ainda no céu, mas não podemos nos perder, por que é logicamente impossível ser livre na terra, mas nunca perder a salvação? Em ambos os casos, a resposta bíblica é que o poder absoluto de Deus é capaz de guardar-nos da queda – de acordo com nossa livre-escolha.[19]

Mais a frente, em sua exposição de Efésios 2:8-9: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”, quando demonstra que a salvação é dom de Deus, e o meio para adentrarmos à salvação é a fé, Geisler afirma que:

[…] está muito claro no texto grego que Efésios 2.8,9 não está se referindo à fé como um dom de Deus. A palavra grega touto (“isto”), sujeito de “é dom de Deus”, é neutra na forma e não pode se referir à fé, que é feminino. O antecedente de “isto é dom de Deus” é a salvação pela graça por meio da fé (v. 9). Comentando essa passagem, o grande estudioso do Novo Testamento A. T. Robertson observa: “A ‘graça’ é a parte de Deus, a ‘fé’ é a nossa. E “isto” (kai touto), é neutro, não o feminino taute. Portanto, não se refere a pistis (‘fé’) ou a charis (‘graça’), mas ao ato de ser salvo pela graça condicionado à fé de nossa parte” (Word Pictures in the New Testament, v. 4, p. 525).

[…] Em nenhum ligar a Bíblia ensina que a fé salvadora é um dom especial de Deus somente a uns poucos escolhidos. Ademais, em todo lugar a Bíblia supõe que todo o que deseja ser salvo pode exercer fé salvadora [Nota de fim: […] Seria irrazoável condenar alguém por não ter feito algo que lhe era impossível fazer tanto por si mesmo quanto com a ajuda de Deus].[20]

Considerando o que foi afirmado por Norman Geisler, que a fé é a resposta humana possibilitada pela graça preveniente; e uma vez que

Quando falamos de “graça preveniente” estamos pensando na que “precede”, que prepara a alma para a sua entrada no estado inicial da salvação. É a graça preparatória do Espírito Santo exercida para o homem enfraquecido pelo pecado. Pelo que se refere aos impotentes, é tida como força capacitadora. É aquela manifestação da influência divina que precede

a vida de regeneração completa.[21]

Mais a frente, vemos que a graça preveniente desperta, mas não salva; apenas os eleitos dão um passo mais a frente e adentram à graça salvadora; tal “manifestação da influência divina que precede a vida de regeneração completa”, é capaz de produzir no homem , tanto em eleitos quanto em não-eleitos, uma vez que a fé não é peculiar aos eleitos, como bem demonstrou Norman Geisler; entretanto, a fé perseverante é peculiar aos eleitos, e a perseverança apenas é possível porque estes adentram à graça salvadora de uma vez por todas, diferente daqueles que apenas são parcialmente regenerados:

Em um sentido, então, os arminianos, como os calvinistas, creem que a regeneração precede a conversão; o arrependimento e a fé são somente possíveis porque a velha natureza está sendo dominada pelo Espírito de Deus. A pessoa que recebe a total intensidade da graça preveniente (isto é, através da proclamação da Palavra e a chamada interna correspondente de Deus) não mais está morta em delitos e pecados. Entretanto, tal pessoa não está ainda completamente regenerada. A ponte entre a regeneração parcial pela graça preveniente e a completa regeneração pelo Espírito Santo é a conversão, que inclui arrependimento e fé. Estes se tornam possíveis por dádiva de Deus, mas são livres respostas da parte do indivíduo. “O Espírito opera com o concurso humano e por meio dele. Nesta cooperação, contudo, dá-se sempre à graça divina preeminência especial”.[22]

Fica mais claro ainda que é parte da Teologia Arminiana a regeneração parcial como distinta da regeneração completa; daí, podemos compreender o locus do Arminianismo dos Batistas brasileiros, pela inserção de uma distinção entre fé perseverante e fé temporária: ambas são produto da graça preveniente, mas a regeneração ocorre ao homem que adentra à graça salvadora, enquanto que a segunda, apesar de iluminá-lo e produzir fé com potencialidade para regeneração, mantém o indivíduo em estado de regeneração parcial, à parte da graça salvadora por estar ainda resistindo a ela, apesar por vezes haver confissão de fé; desta fé o indivíduo declinará nalgum momento por sua própria rebeldia, sem, no entanto, nunca ter adentrado á graça da salvação:

Wiley observa [que], a graça preveniente não interfere na liberdade da vontade. Ela não dobra a vontade ou torna certa a resposta da vontade. Ela somente capacita a vontade a fazer a escolha livre para cooperar ou resistir à graça [salvadora]. Essa cooperação não contribui para a salvação, como se Deus fizesse uma parte e os humanos fizessem outra parte. Antes, a cooperação com a graça [salvadora] na teologia arminiana é simplesmente não resistência à graça [salvadora]. É meramente decidir permitir a graça [salvadora] fazer sua obra renunciando a todas as tentativas de autojustificação e autopurificação e admitindo que somente Cristo possa salvar. Todavia, Deus não toma esta decisão pelo indivíduo; é uma decisão que os indivíduos, sob a pressão da graça preveniente, devem tomar por si mesmos.[23]

Considerando isto, depreende-se que é verdadeira a possibilidade de alguém declinar da fé, uma vez que o homem pode confiar por algum tempo, vindo depois, a privar-se da graça de Deus (Heb. 12:14-15); mas isto apenas é possível àqueles que, despertados por um tempo pela graça, jamais adentram à graça salvadora, mas nalgum momento possuem fé e podem demonstrar até mesmo determinadas características similares aos salvos, mas não possuem de fato salvação: “o qual recompensará cada um segundo as obras; a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção” (Rom. 2:6-7). Armínio afirma que:

[…] é impossível que os crentes, desde que permaneçam fiéis, venham a perder a salvação. Porque se isso fosse possível, o poder que Deus decidiu empregar para salvar os crentes seria vencido. Por outro lado, se os crentes apostatarem da fé e se tornarem incrédulos, é impossível que eles não se desviem da salvação, ou seja, desde que continuem in-

crédulos.[24]

Armínio trouxe em sua teologia as questões ‘perda de salvação’ e ‘perda da fé’; pelo que temos conhecido sobre a questão, até agora, os Batistas brasileiros sempre distinguiram bem entre as duas coisas.

7. Conclusão.

Assim como Armínio, cremos que “é impossível que os crentes, desde que permaneçam fiéis, venham a perder a salvação” – grifo nosso; ao mesmo tempo, nos unimos ao coro arminiano que entoa: “se os crentes apostatarem da fé e se tornarem incrédulos, é impossível que eles não se desviem da salvação, ou seja, desde que continuem incrédulos” – grifo nosso.

Certamente aqui está o ponto nevrálgico: a possibilidade de perder a salvação contraria a eleição segundo a presciência, e a possibilidade não é para ser considerada na menor hipótese por nós; ao mesmo tempo, é possível que alguém apostate da fé e se perca para sempre.

Assim como a graça salvadora é peculiar aos eleitos, somos capazes de nos unir aos Batistas Nacionais e afirmar que “Cremos que só são crentes verdadeiros aqueles que perseveram até o fim; que a sua ligação perseverante com Cristo é o grande sinal que os distingue dos que professam superficialmente […]”.[25]

Consequentemente, nos ajuntamos à Convenção Batista Brasileira e afirmamos também que “O novo nascimento, o perdão, a justificação, a adoção como filhos de Deus, a eleição e o dom do Espírito Santo asseguram aos salvos a permanência na graça da salvação […]”.[26] Podemos, então, afirmar, juntamente com os Batistas Regulares, quanto à salvação, que “Obtê-la ou mantê-la não depende de méritos humanos (Tito 3.4—7; 1 João 5.9—13)”.[27]

7. Referências Bibliográficas.

ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2015. Vol. I, II e III.

ARMINIANISMO. O que é a graça preveniente? Disponível em (https://arminianismo.wordpress.com/2012/09/05/o-que-e-a-graca-preveniente/). Acessado em 20 de agosto de 2018. Grifo nosso.

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DANIEL, Silas. Arminianismo e a Mecânica da Salvação: uma exposição histórica, doutrinária e exegética sobre a graça de Deus e a responsabilidade humana. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2017.

EDITORA BATISTA REGULAR. Os Distintivos dos Batistas Regulares. Disponível em: <http://editorabatistaregular. com.br/os-distintivos-dos-batistas-regulares/>. Acessado em 18 de agosto de 2018.

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OLSON, Roger. Must one Agree with Arminius to be Arminian? Disponível em Patheos. Disponível em: (http://www.pa theos.com/blogs/rogereolson/2013/11/must-one-agre e-with-arminius-to-be-arminian). Acessado em 18 de agosto de 2018.

PICIRILLI, Robert E. Os Remonstrantes e o Sínodo de Dort, em Graça, Fé, Livre-Arbítrio, publicado no site Deus Amou o Mundo. Disponível em (https://deusamouo mundo.com/remonstrantes/os-remonstrantes-e-o-sinodo-de-dort/). Acessado em 18 de agosto de 2018.

SCHAFF, Phillip. The Creeds of Christendom, Volume III, pp. 545-549. Tradução de ARMINIPÉDIA. Cinco Pontos da Remonstrância. Disponível em (http://www.arminianismo.com/wiki/index.php?title=Cinco_Artigos_da_Remons tr%C3%A2ncia). Acessado em 17 de agosto de 2018. Grifo nosso.

VINE, W. E. Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de Janeiro, RJ: Thomas Nelson Brasil/CPAD: 2011. p. 648.

NOTAS

[1] GEISLER, Norman. Eleitos, mas livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. Editora Vida, 2005. Esta é uma excelente obra, como já se é de esperar de Norman Geisler; ela está repleta de insights que se propõe a apresentar, segundo o autor, um “calvinismo moderado”, que, na verdade consiste num Arminianismo de quatro pontos. 

[2] OLSON, Roger. Must one Agree with Arminius to be Arminian? Disponível em Patheos. Disponível em: (http://www.patheos. com/blogs/rogereolson/2013/11/must-one-agree-with-arminius-to-be-arminian). Acessado em 18 de agosto de 2018. Grifo nosso.

[3] Ibid.

[4] CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA. Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira de 1986. Disponível em <https://goo.gl/bpmk3H>. Acessado em 18 de agosto de 2018. Grifo nosso.

[5] MANUAL BÁSICO BATISTA NACIONAL E MANUAL DA ORMIBAN. Declaração de Fé. p. 23-24. Grifo nosso.

[6] Ibid. Grifo nosso.

[7] EDITORA BATISTA REGULAR. Os Distintivos dos Batistas Regulares. Disponível em: <http://editorabatistaregular.com.br/os-distintivos-dos-batistas-regula res/>. Acessado em 18 de agosto de 2018.

[8] EDITORA BATISTA REGULAR. Os Distintivos dos Batistas Regulares. Disponível em: <http://editorabatistaregular.com.br/os-distintivos-dos-batistas-regula res/>. Acessado em 18 de agosto de 2018.

[9] DANIEL, Silas. Arminianismo e a Mecânica da Salvação: uma exposição histórica, doutrinária e exegética sobre a graça de Deus e a responsabilidade humana. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2017. p. 11.

[10] SCHAFF, Phillip. The Creeds of Christendom, Volume III, pp. 545-549. Tradução de ARMINIPÉDIA. Cinco Pontos da Remonstrância. Disponível em (http://www.arminianismo.com/wiki/ index.php?title=Cinco_Artigos_da_Remonstr%C3%A2ncia). Acessado em 17 de agosto de 2018. Grifo nosso.

[11] As Obras de Armínio. p. 257.

[12] PICIRILLI, Robert E. Os Remonstrantes e o Sínodo de Dort, em Graça, Fé, Livre-Arbítrio, publicado no site Deus Amou o Mundo. Disponível em (https://deusamouomundo.com/remonstrantes/ os-remonstrantes-e-o-sinodo-de-dort/). Acessado em 18 de agosto de 2018.

[13] ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2015. p. 232-233.

[14] A Teoria da Plataforma dos Eventos Possíveis é uma teoria que temos desenvolvido por meio de um diálogo com o Molinismo e o Arminianismo. Uma breve consideração desta teoria aplicada à questão que ora abordamos diz respeito ao fato de que o ser humano é totalmente livre para decidir se deseja A, B, C ou D, ao passo que Deus designa quais opções temos – e Deus sempre torna o bem possível e potencial, diferente do determinismo Calvinista – que temos liberdade para escolher; julgando em seu devido tempo ao homem, dentro dos mundos possíveis escolhidos, Deus os recebe em seu reino ou os aparta de si para sempre. Acreditamos que esta seja uma maneira de fugirmos do extremo determinismo Calvinista ao passo em que podemos manter uma consistente segurança de salvação em Cristo Jesus em desconsiderar a possibilidade do que é chamado por assim dizer ‘perda de salvação’.

[15] ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio. Vol. III. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2015. p. 428.

[16] ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2015. p. 232. Grifo nosso.

[17] VINE, W. E. Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de Janeiro, RJ: Thomas Nelson Brasil/CPAD: 2011. p. 648.

[18] GEISLER, Norman. Eleitos, mas livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. São Paulo, SP: Editora Vida, 2005. p. 214.

[19] GEISLER. Eleitos, mas livres. p. 141-142.

[20] GEISLER. Eleitos, mas livres. p. 215, 223, 306-307.

[21] ARMINIANISMO. O que é a graça preveniente? Disponível em (https://arminianismo.wordpress.com/2012/09/05/o-que-e-a-graca-preveniente/). Acessado em 20 de agosto de 2018. Grifo nosso.

[22] Ibid.

[23] Ibid.

[24] As Obras de Armínio. p. 258.

[25] MANUAL BÁSICO BATISTA NACIONAL E MANUAL DA ORMIBAN. Declaração de Fé. p. 23-24.

[26] CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA. Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira de 1986. Disponível em (https://goo.gl/ bpmk3H). Acessado em 20 de agosto de 2018.

[27] EDITORA BATISTA REGULAR. Os Distintivos dos Batistas Regulares. Disponível em: <http://editorabatistaregular.com.br/os-distintivos-dos-batistas-regula res/>. Acessado em 18 de agosto de 2018.

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