Por David Cloud
(trecho de Modern Bible Version Hall of shame. pp. 270-275)

Originalmente da Wycliffe Bible Translators, Nida está associado à Sociedade Bíblica Americana e às Sociedades Bíblicas Unidas desde 1943.

“Além das responsabilidades administrativas, seu trabalho envolveu pesquisas de campo, pesquisas, programas de treinamento, verificação de manuscritos de novas traduções e redação de numerosos livros e artigos sobre linguística, antropologia e ciência do significado. Este trabalho levou-o a mais de 85 países, onde conversou com dezenas de tradutores sobre problemas linguísticos envolvendo mais de 200 línguas diferentes. Dr. Nida também foi Coordenador de Pesquisa de Tradução para as Sociedades Bíblicas Unidas de 1970 a 1980”.1

Embora aposentado, Nida mantém seu relacionamento com a SBA e SBU como consultor especial de traduções, e atua em pesquisar, escrever e ministrar palestras. Nida exerceu uma vasta influência no campo dos textos e traduções da Bíblia.

Nida exerceu um papel importante na formação das grandemente liberais Sociedades Bíblicas Unidas. Kent D. Clark diz que Nida “agiu como ímpeto para a formação das Sociedades Bíblicas Unidas.”2

Nida “iniciou, organizou e administrou” o Novo Testamento Grego das Sociedades Bíblicas Unidas (The Greek New Testament [O Novo Testamento Grego], Sociedades Bíblicas Unidas, Prefácio à primeira edição, 1965).

Kurt e Barbara Aland descrevem a história inicial do projeto

“[…] em 1955, por iniciativa do Secretário de Traduções Eugene A. Nida da Sociedade Bíblica Americana, um comitê internacional foi estabelecido para preparar uma edição do Novo Testamento grego projetada especialmente para atender às necessidades de centenas de comitês de tradução da Bíblia. […] Nida […] não apenas iniciou o empreendimento, mas também participou ativamente de todas as sessões do comitê editorial (fazendo contribuições substanciais) […].”3

Foi Nida quem insistiu nas avaliações graduais para cada variante textual no Novo Testamento Grego da SBU.4 Sob este esquema, as variantes são classificadas como A, B, C ou D, dependendo da relativa “certeza” da leitura por parte dos editores.

Nida é o pai da teoria da equivalência dinâmica da tradução da Bíblia. Em 1947 ele publicou o livro inovador Bible Translating: An Analysis of Principles and Procedures, with Special Reference to Aboriginal Languages [Tradução Bíblica: uma análise dos princípios e procedimentos, com especial referência às línguas aborígenes] (Londres: United Bible Societies). Desde então, ele publicou muitos outros livros influentes que promovem a equivalência dinâmica, como os seguintes:

  • Customs and Cultures: Anthropology for Christian Missions (New York: Harper & Row, 1954)
  • God’s Word in Man’s Language (New York: Harper & Row, 1952)
  • Message and Mission: The Communication of the Christian Faith (New York: Harper & Brothers, 1960)
  • Religion across Cultures: A Study in the Communication of the Christian Faith (Pasedena, CA: William Carey Library, 1979)
  • Meaning across Cultures: A Study on Bible Translating (Nida with William Reyburn; Maryknoll, NY: Orbis, c. 1981)
  • The Theory and Practice of Translation (Nida with Charles Taber; Leiden: Published for the United Bible Societies by E.J. Brill, 1974)
  • From One Language to Another: Functional Equivalence in Bible Translating (Nida with Jan de Waard; Nashville: Thomas Nelson, 1986)

Nida ensina que o tradutor tem a liberdade de mudar a forma das Escrituras. “Para preservar o conteúdo da mensagem, a forma deve ser alterada”.5 Compare esta heresia com 2Tm. 1:13.

Nida ensina que o “tradutor deve tentar reproduzir o significado de uma passagem conforme entendida pelo escritor”.6 Compare esta heresia com a Bíblia, que ensina que os escritores das Escrituras nem sempre sabiam qual era o significado (Is. 55:8-9; Dn. 12:8-9; 1Pe. 1:10-12).

Nida ensina que “os escritores dos livros bíblicos esperavam ser compreendidos”.7 Na verdade, eles sabiam que somente pelo Espírito de Deus as Escrituras poderiam ser compreendidas (Jo. 16:12; 1Co. 2:14-16; 1Jo. 2:27).

Nida ensina que uma boa tradução da Bíblia seria facilmente compreendida pelos jovens e pelos não salvos.8 Como poderiam pessoas e jovens não salvos determinar se uma Bíblia é uma tradução precisa do texto grego e hebraico preservado das Escrituras? Eles não têm a capacidade – espiritual ou educacional – de tomar tal decisão. A Bíblia diz claramente que os não salvos não podem entender a Palavra de Deus (1Co. 2:12-14). É função do tradutor fazer uma tradução precisa da Bíblia. É então função dos evangelistas e professores ajudar as pessoas a compreenderem a Bíblia.

Para mais informações sobre este assunto, consulte a seção do curso Fé versus Versões Modernas da Bíblia, Capítulo X, sobre “Tradução da Bíblia por Equivalência Dinâmica”.

Nida teve importante papel na produção da extremamente liberal Today’s English Version [Versão Inglesa de Hoje] ou Good News for Modern Man [Boas Novas para o Homem Moderno]. Em 1961, M. Wendell Belew, do Conselho de Missões Nacionais da Convenção Batista do Sul, escreveu a Nida sugerindo que a Sociedade Bíblica Americana produzisse uma tradução voltada para o nível da 4ª série. Duas semanas depois, Nida abordou o secretário geral da SBA, Laton Holmgren, com o plano e recebeu autorização.9 Para o trabalho de tradução, Nida escolheu o batista do sul Robert Bratcher, que negou a plena divindade e expiação de sangue de Jesus Cristo. Bratcher era consultor de pesquisa no Departamento de Traduções da SBA desde 1957. Bratcher era o presidente do projeto TEV e fez a tradução do Novo Testamento. O Comitê Consultivo incluiu Howard Moulton (Secretário Adjunto de Traduções da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira) e Frederic Rex (Departamento de Literatura e Alfabetização do Conselho Nacional de Igrejas nos EUA). A Today’s English Version, que foi aprovada por Eugene Nida, removeu o sangue da maioria das passagens doutrinárias do Novo Testamento e corrompeu ou enfraqueceu todas as passagens que tratavam da divindade de Cristo.

Nida nega a inspiração infalível das Escrituras

“[…] a revelação de Deus envolveu limitações. […] A revelação bíblica não é absoluta e toda revelação divina é essencialmente encarnacional. […] Mesmo que uma verdade seja dada apenas em palavras, ela não tem validade real até que seja traduzida no viver. […] As palavras, em certo sentido, não são nada em si. […] A palavra é vazia a menos que esteja relacionada à experiência”.10

Isto é neo-ortodoxia. O salmista não se apegou às teorias de Nida sobre as palavras das Escrituras. Ele disse: “As palavras do Senhor são palavras puras […]” (Sl. 12:6). Ao longo das Escrituras, são as próprias palavras da Bíblia que são consideradas importantes, não apenas o significado básico. Três vezes nos é dito que “não só de pão vive o homem, mas de TODA PALAVRA que sai da boca do Senhor viverá o homem” (Dt. 8:3; Mt. 4:4; Lc. 4:4). As palavras da Bíblia são algo em si, independentemente de estarem relacionadas a qualquer outra coisa. As palavras da Bíblia são intrinsecamente as palavras eternas de Deus. Nida está errado. Seu erro fundamental é a rejeição da doutrina da inspiração verbal e plenária.

[Disse Nida:]

“As línguas da Bíblia estão sujeitas às mesmas limitações que qualquer outra língua natural”.11

Na verdade, não há limitação para a linguagem da Bíblia, porque ela foi criada por Deus com o propósito da revelação divina e usada pelo Espírito de Deus com perfeição. Paulo disse que a Escritura contém as coisas mais profundas de Deus (1Co. 2:10-12).

“Nida afirma enfaticamente que a revelação bíblica não é ‘absoluta’ e aplica a afirmação de Paulo de que ‘agora vemos por espelho, em enigma’ (1Co.13:12) à própria revelação bíblica, a qual enquanto a real Palavra encarnada não pode oferecer nenhuma verdade absoluta. Por ser um meio de comunicação dentro de um contexto cultural limitado, a linguagem humana é inadequada como veículo para verdades sobrenaturais e eternas que, de fato, precisariam de uma linguagem que não fosse humana ou divina.”12

“Numa época em que se pensava que a Bíblia estava escrita numa espécie de linguagem do Espírito Santo, o único critério para a precisão exegética era a esperança piedosa de que as interpretações de um indivíduo estivessem de acordo com a doutrina aceita. Num período posterior, quando a gramática era vista quase exclusivamente a partir de uma perspectiva histórica, só se poderia esperar chegar a conclusões válidas através de “reconstruções históricas”, mas estas muitas vezes revelaram-se altamente impressionistas. Atualmente, a linguística forneceu ferramentas de análise muito mais exatas baseadas no funcionamento dinâmico da linguagem, e é para estas que se deve olhar para desenvolvimentos significativos no futuro.”13

Nida está completamente errado em sua opinião de que a Bíblia não é absoluta, não é a verdade eterna e que está escrita em linguagem imperfeita. Embora escrita por homens imperfeitos, a Bíblia foi escrita em palavras escolhidas por Deus (1Co. 2:13; 2Pe. 1:21) e estabelecidas para sempre no céu (Sl. 119:89). A Bíblia está escrita numa linguagem que é divina; é a linguagem do Espírito Santo. As palavras da Bíblia são as palavras de Deus e têm validade eterna, quer sejam ou não “traduzidas para o viver”, quer sejam ou não compreendidas pelo homem!

[Jakob van Bruggen disse:]

“Nida e Taber afirmam que Paulo, se estivesse escrevendo para nós e não para seu público original, não apenas teria escrito em uma forma linguística diferente, mas também teria dito as mesmas coisas de maneira diferente.”14

Nida não acredita na confissão da Bíblia sobre a sua própria natureza. Em 2Pe. 1:21 lemos que “a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”. Visto que os escritores da Bíblia não escolheram as suas palavras, é herético dizer que eles escreveriam numa língua diferente se escrevessem hoje. As palavras de Paulo não surgiram da sua própria vontade e contexto, mas foram revelações do céu e foram escritas em palavras escolhidas por Deus. “Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (Gl. 1:11-12). Veja também 1Co. 2:10-13, onde Paulo afirma que as próprias palavras da revelação do Novo Testamento são de Deus.

Nida diz que os relatos de anjos e milagres não devem necessariamente ser interpretados literalmente.

“[…] lutar com um anjo tem significados diferentes dos da nossa própria cultura”.15

Os relatos bíblicos sobre anjos não têm significados diferentes para culturas diferentes. São relatos infalivelmente registrados de eventos históricos. Jesus Cristo cria em anjos literais e interpretava literalmente os milagres do Antigo Testamento, e Ele é certamente um guia mais fiel do que qualquer estudioso bíblico contemporâneo.

Nida nega a expiação substitutiva de Jesus Cristo

Nida diz:

“A maioria dos estudiosos, tanto protestantes quanto católicos romanos, interpretam as referências à redenção do crente por Jesus Cristo, não como evidência de qualquer transação comercial por qualquer quid pro quo entre Cristo e Deus ou entre as ‘duas naturezas de Deus’ (seu amor e sua justiça), mas como uma figura do ‘custo’, em termos de sofrimento.”16

No A Translator’s Handbook on Paul’s Letter to the Romans [Manual do Tradutor sobre a Epístola de Paulo aos Romanos], Nida (com o co-autor Barclay Newman) diz:

“[…] ‘sangue’ é usado nesta passagem [Rm. 3:25] da mesma forma que é usado em inúmeros outros lugares do Novo Testamento, isto é, para indicar uma morte violenta. […] Embora este substantivo [propiciação] (e suas formas relacionadas) às vezes seja usado por escritores pagãos no sentido de propiciação (isto é, um ato para apaziguar ou aplacar um deus), ele nunca é usado desta forma no Antigo Testamento.”

Nida está errado. O sacrifício de Cristo não foi apenas uma figura; foi um aplacar de Deus, de Sua santidade e das justas exigências de Sua lei. O sacrifício de Cristo foi uma transação comercial entre Cristo e Deus, e não foi meramente figurativo. O sacrifício do Calvário foi um verdadeiro sacrifício, e esse sacrifício exigia a oferta de sangue – não apenas uma morte violenta, como diz Nida. Sangue é sangue e morte é morte, e cremos que Deus é sábio o suficiente para saber qual dessas palavras deve ser usada. Romanos 5:8-10 nos ensina que a salvação exigia ambas as coisas: o sangue e a morte de Cristo. Se Cristo tivesse morrido, por exemplo, por estrangulamento, embora tivesse sido uma morte violenta, não teria expiado o pecado porque o sangue é necessário (Lv. 17:11; Hb. 9:22). Aqueles, como Nida, que adulteram ou reinterpretam a expiação de sangue muitas vezes afirmam crer na cruz de Cristo e na justificação pela graça, mas estão tornando a cruz ineficaz ao reinterpretar o seu significado. Não há graça sem verdadeira propiciação. Esta palavra significa “satisfação” e refere-se ao fato de que a dívida do pecado foi satisfeita pela expiação do sangue de Cristo. A grande diferença entre o conceito pagão de propiciar a Deus e o da Bíblia é esta: o próprio Deus da Bíblia pagou a propiciação através do sacrifício de si mesmo, enquanto os pagãos pensam que podem propiciar a Deus através das suas próprias ofertas e obras humanas. Permanece o fato de que Deus teve que ser propiciado através da morte sangrenta de Seu próprio Filho sem pecado. Nida é um homem inteligente. Ele não ataca abertamente a expiação pelo sangue e a doutrina da inspiração como faz seu amigo tradutor Robert Bratcher. (Bratcher, tradutor da Today’s English Version, é coautor de livros com Nida.) Nida usa as mesmas palavras que o crente bíblico, mas reinterpreta palavras-chave e passagens como as acima. Isso é chamado de neo-ortodoxia. Cuidado.

Nida diz que não existem absolutos no Cristianismo, exceto Deus

“O único absoluto no Cristianismo é o Deus triúno. Qualquer coisa que envolva o homem, que é finito e limitado, deve necessariamente ser limitada e, portanto, relativa. O relativismo da cultura bíblica é uma característica obrigatória da nossa religião encarnada, pois sem ele absolutizaríamos as instituições humanas ou relativizaríamos Deus.”17

Nida coloca tudo o que o homem tocou na categoria de imperfeição, até mesmo a Bíblia e as instituições descritas nas Escrituras, como o tabernáculo, o sacerdócio e a igreja. Nida está errado. A Bíblia, embora escrita por um homem falível, é uma revelação infalível.

Traduzido e brevemente adaptado por Ícaro Alencar de Oliveira. Rio Branco, Acre, Brasil – 10 de novembro de 2023.

NOTAS

  1. American Bible Society, in: Record, março de 1986, p. 17. ↩︎
  2. Clark, “Textual Certainty in the United Bible Societies Greek New Testament [Certeza Textual no Novo Testamento Grego das Sociedades Bíblicas Unidas], Novum Testamentum, XLIV, 2, 2002. ↩︎
  3. Aland, The Text of the New Testament [O Texto do Novo Testamento], 2ª edição, pp. 31, 33. ↩︎
  4. Aland, The Text of the New Testament [O Texto do Novo Testamento], p. 44. ↩︎
  5. Nida e Tabor, Theory and Practice of translation [Teoria e Prática da Tradução], p. 5. ↩︎
  6. Nida e Tabor, Theory and Practice of translation [Teoria e Prática da Tradução], p. 8. ↩︎
  7. Nida, Theory and Practice of Translation [Teoria e Prática da Tradução], p. 7. ↩︎
  8. Nida e Tabor, Theory and Practice of translation [Teoria e Prática da Tradução], pp. 31, 32. ↩︎
  9. Wosh, Peter J. Today’s English Version and the Good News Bible: A Historical Sketch, American Bible Society, nd. ↩︎
  10. Nida, Message and Mission [Mensagem e Missão], Nova York: Harper & Row, 1960, pp. 222-226. ↩︎
  11. Nida, Theory and Practice [Teoria e Prática], p. 7. ↩︎
  12. Bruggen, Jakob Van. The Future of the Bible [O Futuro da Bíblia], p. 76, referindo-se à Message and Mission [Mensagem e Missão] de Nida, pp. 224-228. ↩︎
  13. Nida, Eugene. Language Structure and Translation [Linguagem, Estrutura e Tradução], 1975, p. 259. ↩︎
  14. Jakob Van Bruggen, citando Nida e Charles Taber, Theory and Practice of Translation [Teoria e Prática da Tradução], p. 23, n. 3. ↩︎
  15. Nida, Message and Mission [Mensagem e Missão], p. 41. ↩︎
  16. Nida, Eugene; Taber, Charles. Theory and Practice [Teoria e Prática], 1969, p. 53. ↩︎
  17. Nida, Eugene. Customs and Cultures [Costumes e Culturas], Nova Iorque: Harper & Row, 1954, p. 282, nota de rodapé 22. ↩︎

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