Por ARTHUR T. FOULER

(Publicado em “O Jornal Baptista” (10 de janeiro de 1924), Ano 24. Nº 2. p. 1. Mantida a grafia original)

“E, assentados, o guardavam ali.” (Mat. 27:36.)

Quantas vezes não realizamos a significação de um evento senão depois delle passado!

Os grandes eventos passam como as coisas mais communs desta vida. Oh que paixão ha nas seguintes palavras, ditas pelo evangelista João a respeito de Jesus: “Veiu para o que era seu, e os seus não o receberam.”! Jerusalém naquelle momento dormia. Vejamos a complacencia propria dos preconceitos religiosos: Os phariseus e saduceus, ainda que opponentes entre si, uniram-se para matar Jesus. Para elles a tragedia do Calvario era a vindicação da justiça de Deus, visivel, e provada. Quantas vezes o effeito das coisas é determinado pelo espirito pelo qual vemos! Nós apenas vemos aquillo que temos capacidade para ver. Um homem sem um ouvido apurado, jamais aprehenderá as delicadas harmonias de uma obra prima musical. A pessôa que não tenha em si o senso da rithma, nunca apreciará a belleza da poesia. Nas experiências da vida e do carater os homens acham a producção reflexa de si mesmos. E’, pois, uma grande verdade que a attitude de uma pessôa para com a cruz de Christo, determina a sua vida. Cada homem naquelle dia viu a sua propria figura de Christo. Havia lá aquelles que reconheciam o poder soffredor de um innocente, e aquelles que só viam a execução justa de um criminoso. Seculos decorreram e cada um de nós se acha em uma daquellas duas classes. Com Christo na cruz havia um transcendente poder moral e dignidade. O que nós vemos em Christo, Elle será a nós, e nós seremos a Elle! O Calvário é a escola onde apprendemos reverencia e amor. E’ nella que apprendemos a submissão e communhão espiritual. E’ ali que achamos o gracioso ministerio do perdão, purificação e illuminação. E’ ali que o humano se reune com o divino. – “The Baptist”.

Transcrição: Ícaro Alencar de Oliveira

Deixe um comentário

Tendência

Blog no WordPress.com.